Sistemas de Informação
Os esforços para melhorar desempenho e controles de produção são alvo de estudos minuciosos das áreas de administração de empresas há muitas décadas e inseridos neste contexto temos o apoio da área de sistemas que através de tecnologias tenta auxiliar através da criação de ferramentas que possam viabilizar tais resultados.
Como parte desse esforço, na década de 1960, foram criados critérios para gestão eficiente de estoques e logo em seguida em 1970 foram criadas regras e métodos específicos para a gestão de matérias-primas e insumos, bem como de suas compras e cálculos de consumos unitários.
Nascia então o MRP – Material Resource Planning – Planejamento das Necessidades de Materiais.
Em 1980, tendo critérios de estoques bem resolvidos, houve iniciativa de controlar melhor a mão-de-obra, capacidade produtiva e os custos dos recursos envolvidos em cada um dos processos de produção.
Essa evolução ficou conhecida como MRPII (Manufacturing Resource Planning – Planejamento dos Recursos de Manufatura / Produção).
Já em 1990 foi desenvolvido o ERP – Enterprise Resource Planning – Sistemas de Gestão Empresarial, com o foco de integrar informações diversas das companhias.
Desde então as empresas buscam nessas tecnologias uma forma de melhorar desempenho, planejamento e controle de seu processo produtivo.
Mas será mesmo que a implantação de um sistema de gestão empresarial traz benefícios evidentes para a gestão do processo produtivo?
Segundo 86 empresas de moda em todo o Brasil, que atuam nas mais diversas áreas da moda, isso é uma realidade, embora muitas delas ainda não consigam usufruir de todos os benefícios destas ferramentas.
Argumentação
Tudo aconteceu quando houve necessidade de fazer uma pesquisa que apoiaria um trabalho de conclusão de curso do MBA em Sistemas de Gestão Empresarial.
Foi formulada uma pequena pesquisa com 17 questões que remetiam aos possíveis benefícios que um sistema de gestão empresarial poderia exercer na gestão do processo produtivo de empresas de moda, de vários tamanhos (pequenas, médias e grandes) e em regiões diversas do Brasil.
A pesquisa foi encaminhada a proprietários de empresas, diretores industriais, gerentes de produção, controllers e executivos da área de TI que atuam nessas empresas de moda, com a finalidade de compilar informações precisas sobre os possíveis benefícios que a implantação de sistemas trouxe a suas empresas.
Todas as empresas pesquisadas implantaram o sistema nos últimos 10 anos e todas elas perceberam benefícios em muitos aspectos relevantes a tomada de decisões estratégicas na gestão do processo produtivo, tais como:
– planejamento e controle de suprimentos, compras e estoques;
– desenvolvimento de novos produtos e processos;
– planejamento e controle das fases de produção;
– comunicação com outras áreas da empresa inter-relacionadas à produção;
– dimensionamento de necessidade de recursos humanos;
– controle de processos e estoques em poder de terceiros;
– controle de perdas, defeitos e quebras da produção, dentre outros.
Contudo, é possível notar que das 86 empresas pesquisadas mais de 60% delas não se beneficiou de todos os aspectos positivos do sistema de gestão e sem sombra de dúvidas, a maioria delas constatou que isso se deve ao desnível entre as funcionalidades oferecidas pelos sistemas e profissionalização de seu pessoal.
Isso ocorre porque nos cursos oferecidos pelas escolas técnicas e bem como cursos de graduação voltados para a moda, existe uma pequena relação direta entre as teorias apresentadas (MRP, MRPII, ERP, Supply Chain, outras) e as funcionalidades oferecidas por sistemas de mercado, o que causa um distanciamento muito grande e traz à tona o desequilíbrio entre teoria e prática neste mercado.
Estando a quase 50 anos depois da origem do controle de estoques, 40 anos depois da origem do MRP, 30 anos depois da origem do MRPII e ERP, em muitas empresas ainda não é possível aplicar tais conceitos como benefícios evidentes ao processo produtivo.
É certo que os benefícios existem, mas há necessidade de um esforço ainda maior, para que possamos aplicar tais benefícios, especialmente no que diz respeito a padronização de processos, métodos de trabalho, treinamento e capacitação dos nossos responsáveis pelo processo produtivo.
Conclusão
Conclui-se então que das empresas pesquisadas, todas atestam os benefícios dos sistemas de gestão, contudo a maioria esmagadora dessas empresas ainda precisa de ajustes de processos, profissionalização de pessoal e incentivos ao desenvolvimento de seus colaboradores para usufruir mais dos benefícios oferecidos.
Referências:
TUBINO, DALVIO FERREARI. Manual de Planejamento e controle da produção. São Paulo: Atlas, 2000.
DAVENPORT, Tomas H. Missão Crítica – Obtendo Vantagem Competitiva com Sistema de Gestão. 1° Ed. Bookman, Porto Alegre, 2002.
CORRÊA, H.L.; GIANESI I. G. N.; CAON, M. Planejamento, programação e controle da produção: MRPII/ERP – conceitos, uso e implantação. São Paulo: Atlas, 1997.